segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Novela "Vale Tudo" discute o direito de herança em uma união homoafetiva

O casal Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska), na novela "Vale Tudo"

Em 1989, quando a novela "Vale Tudo" teve sua primeira exibição na Globo, eu tinha apenas dois anos. A trama ficou mais conhecida pela pergunta "quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall)", mas ousou em inúmeros assuntos, inclusive na discussão de como fica a herança após a morte de um dos parceiros em um relacionamento estável gay.

No folhetim", Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin) eram companheiras há mais de dez anos. Tinham o apoio da família e dos amigos e eram sócias em uma pousada. Cecília morreu em um acidente de carro (exibido na semana passada pelo canal a cabo Viva) e não deixou testamento -- havia feito a minuta em que passava à companheira todos seus bens, em caso de morte, mas o documento não chegou a ser reconhecido em cartório--. Laís teve de brigar com o cunhado, Marco Aurélio (Reginaldo Faria), pela pousada, que ele queria vender para ganhar dinheiro com a especulação imobiliário.

"Vale Tudo" foi ao ar apenas quatro anos após a redemocratização do Brasil, período em que a lei e a sociedade ainda eram mais fechadas do que hoje. Vinte e dois anos depois, pouco se avançou. O blog conversou sobre o tema com Gilberto Braga, autor da novela lado de Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Abaixo, segue a entrevista realizada por e-mail.

Blog: Personagens gays já haviam aparecido em ao menos duas novelas anteriores ("O Rebu" e "Roda de Fogo"). Em "Vale Tudo", porém, Laís e Cecília viviam uma relação assumida e apoiada pelos outros personagens da trama. Como foi escrever esses personagens naquela época? Sofreu algum tipo de pressão ou sanção?
Gilberto Braga: Nenhuma pressão, o casal era bem aceito.

Blog: Em 1989, ano em que a novela se passa, as questões sobre casamento gay e direitos dos parceiros do mesmo sexo perante a lei ainda eram incipientes. Como foi abordar o assunto, a partir da morte de Cecília?
Gilberto Braga: Deu muito certo, eu me inspirei no caso real do Jorge Guinle Filho e Marco Rodrigues.

Blog: Pensando de 1989 para cá, como você analisa os avanços sociais adquiridos por homossexuais?
Gilberto Braga: Muita coisa melhorou.

Blog: E na dramaturgia? Podemos considerar que houve avanços no tratamento da temática gay? Por quê?
Gilberto Braga: Sem dúvida. Hoje em dia toda novela tem personagens gays, como na vida real.

Blog: Ao seu ver o que falta para o Brasil instituir leis iguais aos demais cidadãos para casais gays?
Gilberto Braga: Não sei responder.

Um comentário:

  1. muita coisa mudou e muita coisa anda tem que mudar
    e rever Vale Tudo mostra justamente isso!

    beijos queridão

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